segunda-feira, 28 de junho de 2010

Observação - Inclusão Escolar


A observação foi realizada em um colégio da rede privada de Porto Alegre, em uma turma de quarta série do ensino fundamental, com um total de 32 alunos, sendo que um deles possui déficit de atenção, necessitando atenção especial em determinados momentos. Porém, na sala de aula ele não demonstra maiores problemas, isso só ocorre nas atividades realizadas fora da sala e com outros professores.

A sala de aula é bem estruturada, arejada, organizada e possui excelente iluminação, a acústica é boa, possui murais para exposição dos trabalhos realizados e os alunos são distribuídos em grupos de quatro com as classes colocadas umas de frente para as outras.

A professora chegou à sala e escreveu no quadro a rotina das atividades que seriam desenvolvidas ao longo daquela manhã. Ela determinou um tempo para que as crianças copiassem a rotina e esse tempo foi suficiente, atendendo as necessidades de todos, inclusive do aluno com déficit de atenção.

A relação entre a professora e os alunos é muito boa, todos tem afetividade e respeito por ela, existem combinações entre eles e essas combinações são respeitadas. A relação entre os alunos também é muito boa, há uma cooperação, um ajuda o outro. Não houve nenhum momento de dispersão por parte dos alunos, e se alguém começava a conversar não havia a necessidade de chamar várias vezes a atenção, bastava falar uma vez e eles atendiam à professora.

A primeira atividade realizada foi a de leitura e interpretação de texto. Nessa atividade cada criança lia uma parte do texto e na medida em que iam lendo a professora ia pontuando alguns detalhes do texto. Ela foi muito tranqüila e segura, sempre muito atenciosa para responder a cada dúvida que ia surgindo. Ela fazia afirmações ao longo da leitura para que as crianças prestassem atenção nos pontos chaves, dando exemplos da vida real.

Depois que os alunos leram o texto, a professora leu todas as questões que deveriam ser respondidas e explicou uma a uma, lembrando sempre que deveriam reler o texto quando tivessem dúvida na hora de responder alguma questão.

Durante essa atividade alguns alunos foram chamados para participar da avaliação institucional que estava sendo realizada no Colégio Americano. Quando os alunos que saíram para participar da avaliação voltaram para a sala de aula, os colegas que lá permaneceram já estavam terminando a atividade de leitura e interpretação de texto. Então a professora adaptou uma atividade de matemática para os que já haviam terminado e começou a explicar a atividade anterior para os alunos que não estavam retornando à sala.

Além de explicar a atividade de leitura e interpretação de texto para os alunos que retornaram à sala de aula, a professora foi muito atenciosa ao explicar a atividade de matemática que adaptou para que os alunos que já haviam terminado a outra atividade não ficassem parados sem fazer nada.

A professora auxiliava bastante os alunos, durante a realização dos exercícios ela passava para ver o caderno de cada um para ver se estavam conseguindo fazer corretamente, os que tem maior dificuldade e não conseguem entender ela passava e explicava novamente.

As atividades são preparadas de forma igual para todos os alunos, inclusive para aquele que possui necessidade educativa especial, caso ele não consiga acompanhar a atividade a professora faz uma adaptação. As dinâmicas e os recursos utilizados na sala de aula são os mesmos e serão modificados de acordo com a necessidade.

Na hora do recreio as crianças lancharam dentro da sala de aula e depois algumas desceram para o pátio e outras permaneceram na sala trocando figurinhas com a presença da professora. No pátio o comportamento dos alunos foi adequado, não houve nenhuma briga e nem discussão, todos brincaram de forma amigável.

Após o recreio, observamos a aula de educação física, era uma aula bônus que eles recebem no final do mês de acordo com o comportamento nas aulas anteriores, se tiverem um comportamento satisfatório ganham a aula, é uma aula recebida por merecimento. Durante a aula as crianças brincaram com patins, skates, bolas, cordas e outros brinquedos que trouxeram de casa. A proposta da aula é essa, podem trazer brinquedos de casa e ficam livres para brincar. Não houve nenhuma briga durante a aula, muito pelo contrário, todos se divertiram muito com as brincadeiras que inventavam.

A estrutura do Colégio contém quadras esportivas, ginásio, ampla área verde, praças com brinquedos adequados às diversas faixas etárias, bibliotecas, multimeios, auditórios, laboratórios de química, física, matemática, informática e inglês, sala de primeiros socorros com profissionais qualificados em enfermagem caso acontece qualquer acidente, museu histórico e capela.

O Colégio possui um total de 48 alunos com necessidades educativas especiais, porém não possui sala de recursos e não disponibiliza de rampas de acesso.

Não aceita todos os pedidos de matrícula de alunos com necessidades educativas especiais, é uma situação muito delicada, mas já estão com muitos casos e se aceitarem mais matrículas acabaram não proporcionando uma aprendizagem adequada para o aluno e nem condições favoráveis para os professores. Não aceitam crianças com deficiência visual total.

Para os alunos que possuem necessidades educativas especiais e não conseguem acompanhar o ritmo da aula são realizadas atividades adaptadas, como por exemplo, no caso de um aluno que tem baixa visão e a professora confeccionou um caderno especial, amplia os materiais que são xerocados, os cálculos de matemática são distribuídos de forma mais espaçada para facilitar a organização e o entendimento do aluno.

Existe um suporte técnico pedagógico no que auxilia o corpo docente na elaboração das atividades para os alunos com necessidades educativas especiais. O corpo docente juntamente com os terapeutas dos alunos fazem uma troca e juntos estabelecem o que vai ser trabalhado na escola a partir do que está sendo trabalhado no consultório, para que dessa forma ocorra o desenvolvimento do aluno da forma mais adequada.

Dentro da escola não existe atendimento educacional especializado, esse atendimento é feito por profissionais indicados pela escola e que estão em interação constante.

Os planos de aula são os mesmos para os alunos “normais” e para os alunos com necessidades educativas especiais, mas quando surge dificuldade o professor faz uma adaptação da atividade que está realizando. É para estes casos que existem as trocas entre professores e terapeutas, pois os terapeutas indicam atividades que facilitam a aprendizagem de acordo com a limitação de cada necessidade educativa especial.

Os recursos utilizados na sala de aula também são os mesmos para ambos, porém quando o professor sente necessidade ele modifica a dinâmica da aula, torna as coisas mais abstratas para facilitar a compreensão. Como por exemplo, no caso de uma criança que tem a audição reduzida, então para que não se disperse a professora conta a história que não está sendo compreendida, com fantoches, com figuras, com objetos.

A avaliação das crianças era feita de forma descritiva, mas em função dos alunos com necessidades educativas especiais, essa forma de avaliar está sendo modificada, ainda estão estudando como vai ser, pois é muito delicado fazer uma avaliação descritiva de um aluno portador de uma necessidade especial severa e que não consegue desenvolver muitas aprendizagens devido as suas limitações.

O que ocorre no Colégio observado é uma integração e não a inclusão, pois apesar de haver uma troca entre professores e terapeutas a respeito da forma mais adequada de desenvolver atividades que facilitem a aprendizagem dos alunos com necessidades educativas especiais, não proporciona a acessibilidade dos alunos que tem deficiências físicas e também não disponibiliza sala de recursos e nem intérpretes. O aluno se adapta ao meio, é ele que arranja meios de permanecer na escola.

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